Nas Jornadas Administrativas da ULS Almada-Seixal, EAD revela progressos e obstáculos na digitalização hospitalar em Portugal, destacando casos de sucesso e apontando caminhos para o futuro digital da saúde.

A digitalização do sistema de saúde português continua a enfrentar desafios significativos, apesar dos avanços registados nos últimos anos. Esta foi a principal conclusão apresentada pela EAD, empresa líder em gestão documental, durante a 1.ª Edição das Jornadas Administrativas, realizada pela ULS Almada-Seixal.

A análise da situação atual revela uma realidade dual no setor da saúde português: por um lado, existem casos de sucesso notáveis, como uma unidade de referência do Norte do país e a própria ULS Almada-Seixal, que já digitalizou mais de 500 mil documentos em cinco serviços diferentes. Por outro lado, persiste ainda uma significativa dependência do papel em muitos processos administrativos e clínicos.

O projeto implementado na unidade de saúde do Norte destaca-se pela desmaterialização completa das urgências de adultos e pediátrica, onde foi introduzido o Repositório Clínico Digital (RCD). Este sistema permite a transformação imediata de documentos físicos em formato digital, facilitando a sua integração no circuito de informação do hospital.

Na ULS Almada-Seixal, a implementação de soluções de automatização robótica de processos (RPA) permitiu uma reorganização significativa dos recursos humanos. O departamento de arquivo, que anteriormente necessitava de 15 funcionários, opera agora com apenas dois, permitindo a realocação do pessoal para funções de maior valor acrescentado.

A permanência do papel nos processos hospitalares tem sido identificada como um obstáculo significativo à modernização do setor. Esta resistência ao digital não só atrasa o acesso e análise da informação, como também limita o potencial de implementação de tecnologias avançadas, incluindo a Inteligência Artificial.

Entre as soluções em desenvolvimento, destaca-se o Mailroom Digital, um sistema que visa gerir todo o ciclo da correspondência, desde a receção até à expedição, através de meios digitais. O objetivo final é estabelecer um modelo integralmente digital, onde qualquer informação que entre no hospital, independentemente do seu suporte original, seja convertida para formato digital e integrada num sistema de gestão documental unificado.

A transformação digital no setor da saúde demonstra benefícios tangíveis, particularmente no acesso aos registos clínicos, que passam a estar disponíveis 24 horas por dia, sete dias por semana. Esta disponibilidade contínua da informação tem impacto direto na qualidade do atendimento aos utentes e na eficiência dos profissionais de saúde.

Contudo, os especialistas alertam que a simples digitalização não é suficiente. É necessário um trabalho adicional de organização e estruturação da informação digital para maximizar o seu potencial na tomada de decisões e na integração com sistemas externos. A utilização de inteligência artificial e automatização surge como um caminho promissor para aumentar a eficiência e a qualidade dos serviços prestados.

O processo de modernização digital do sistema de saúde português continua em evolução, com casos de sucesso que servem de modelo para futuras implementações no Serviço Nacional de Saúde, demonstrando que, apesar dos desafios, o caminho para a transformação digital está traçado e em execução.

(in https://healthnews.pt/2024/10/31/digitalizacao-dos-hospitais-portugueses-ainda-aquem-do-desejavel/)